terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carnaval

Pauta maluca+sorteio de plantão = trabalho na terça de Carnaval!
Adoro.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Casamento

Toca o telefone. Do outro lado da linha o vizinho convoca para um campeonato de videogame:

- E aí meu? Vai rolar um campeonatinho e a gente tá te esperando pra completar a chave. O jogo do Colorado tá uma bosta mesmo! Tu tá em casa pelo menos?

- Tô sim, me dá uns 10 minutos?

- Tu tá fumando um ou fazendo alguma coisa que preste?

- Não, não. Já tô indo. Vai escolhendo os times. E ninguém pega o Manchester.

- Falou.

Atravessa a rua e o cenário é caótico. A filha pequena do anfitrião vem à sala perguntar porque fazem tantos campeonatos. Está com sono, reclama a falta da mãe que está do outro lado da rua, refugiando-se dos palavrões e conversas sobre esquemas táticos para o futebol de brincadeira. A cada 5 minutos a pequena vem até a porta e pergunta quando vai acabar o campeonato. Acho que não compreendeu o que queria dizer turno e returno. A mãe entra na sala, não sem antes esperar a bola sair pela lateral para não atrapalhar ninguém.

Conformada, ainda tem tempo de ser simpática:

- Algum de vocês quer um sanduíche? Tá na mesa, mas vem servir que eu não sirvo nem meu marido. Vamos deixar de frescura...

- Não, obrigado, estamos bem. Quem não vai bem é o Chelsea que empatou as duas primeiras e vai ter que suar sangue pra ganhar o torneio.

- Credo, cada papo esse de vocês, diz ela.

Gargalhadas. Dali a pouco um grito:

- Ai merda, pisei num bicho, diz a dona da casa.

- Hummm, e aí? Que bicho? Pergunta o marido, crente de que era frescura.
O dono da casa e marido ganhava por dois gols a um e dava um grande passo em direção ao título. Atenção ao jogo somente e sua mulher que esperasse um pouquinho, que se podia fazer? Enquanto se defende como pode no jogo tenta ser gentil e atencioso com a mulher que quase chora por conta do incidente:

- E aí amor? Tu tá sentindo algo no pé?

- Tô sim. Ardência e dor. Que porra é essa?

Carregando o bicho com uma pinça ela faz o campeonato entrar em recesso para uma análise dos três gamers da rua. Caralho, o bicho era bem estranho, nunca viram nada parecido. Do tamanho de um grilo e com uma mancha amarela no dorso fedia horrores. Enquanto isso o campeonato ainda tinha duas rodadas a serem disputadas e o Manchester e o Boca ainda brigavam, enquanto o Chelsea era estuprado impiedosamente pelos outros dois.

- Cara, eu nunca vi essa merda, mas deve ser uma espécie de barata essa naba. Vai saber, tem cada coisa aqui nessa rua...

- Parece uma aranha, diz ela.

- Não, se fosse uma aranha teria quatro pares de patas e duas quelíceras.

- O que são quelíceras?

- Deixa pra lá. Aranha não é.

- Nem besouro.

- Barata, nem pensar.

O dono da casa interrompe atônito:

- Galera, isso é um grilo. Eu conheço, quando era piá vivia brincando com eles.

- Tá bom velho, grilo com mancha amarela? E não existia Playmobil quando tu era criança? Comandos em ação?

- Meu, não fode, eu conheço grilo.

- Brother, grilo não tem mancha nas costas. Quanto mais amarela.

- Ué, foi tu quem disse que nessa rua tem tanta coisa...

Agora quem cansa é a mulher:

- Tá, deixa assim. Vou limpar a área do pisão pra ver se não tem ferrão ou coisa assim e a gente fica de olho. Guardo o bicho caso precise ir ao médico?

- Guarda nada! Joga ele no chão que eu vou pisar também, diz o marido. Porque quando casamos o padre me fez falar um monte de coisas malucas das quais não lembro a metade. Lembro dele falando algo que terminava em saúde e doença. Serve pra pisada de bicho desconhecido, provavelmente.

Dali em diante todo mundo só conseguia dar gargalhadas. A mulher já não sentia mais a ardência. No final, o Boca levou o título e ninguém descobriu qual era o bicho. Uma das alternativas apontava uma vespa, ainda que todas as vespas que já vimos tenham asas. Tomara que pelo menos não seja nada nocivo.

Cabeça vazia – morada do demo

Tudo começou de verdade no sábado, 31 de janeiro. Os projetos de infografistas do Legislativo gaúcho foram escalados para trabalhar na cobertura da posse do novo presidente da Assembleia Legislativa, ainda que sábado não fosse dia normal de trabalho do setor. E foi tranquilo, apesar da imensa quantidade de fotos para editar, tratar e publicar. Afinal, poderíamos escolher uma folga em dia a combinar.
Não me importei de trabalhar mesmo: queria ver a estreia do PT no comando da boca e me fui. Belezinha, nada demais durante todo dia, exceto pelo calor e o ar úmido que me incomodam demasiadamente nessa época do ano. Com um dia de folga na semana poderia bem assistir o Jornal Hoje em casa (ironia).

Sozinho no barraco, um insight qualquer me fazia querer mudar alguma coisa pra matar aquele tempo ocioso a que chamamos folga. Como não sou muito bom em elétrica, mas me considero razoável em informática, resolvi desinstalar e instalar novamente o Windows. Isso é uma das sequelas de quem já trabalhou em suporte técnico, então tudo normal. Aí eu olhei o computador e ele retribuiu dizendo: vem, me formata seu imbecil.

Ninja que sou, e com o hd dividido em dois espaços de 60Gb, pensei que ia ser moleza. Formato a metade que tem o sistema operacional e meus arquivos na outra metade ficam na boa. E é o procedimento dos mais simples. Meu computador veio com o cd de recuperação do Windows Vista e aquela coisa toda. É ruim, mas eu não tinha absolutamente nada pra fazer.

Aí beleza: bota o dvd no drive, responde algumas perguntinhas e deu, diversão garantida. Não foi fácil. Descobri que na hora de copiar os arquivos de instalação o dvd estava com problemas de ordem espiritual, por assim dizer, e não rolou. Ejetei o disco e reiniciei o troço. Ah, que pena, pensei eu. Pena foi quando li uma mensagem em inglês que dizia que faltavam arquivos para inicialização. Fudeu!

Passada a raiva comecei a pensar em alternativas para garantir a vida das minhas músicas, fotos, jogos e e-books e tive a brilhante idéia de usar um live cd com Linux pra salvar tudo e dar risada mais tarde. Eu fazia isso toda semana quando era escravo estagiário da Unilasalle. Desaprendi, porra. Essa evolução de equipamentos e programas ainda me mata. Resultado? Instalei o Linux, que por sua vez formatou meu hd todinho. Sem fotos, jogos e tudo o mais dito antes.

Com os olhos já marejados e sem alternativas me restou procurar algum cd com o Windows Xp para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima (CARVALHO, Beth). Duzentas gavetas atrolhadas de um monte de merda – até cd do Osvaldir e Carlos Magrão eu achei – e não encontrei o Santo Graal da minha tarde de folga. Corri a vizinhança atrás de algum camarada que pudesse me emprestar uma cópia do cd. Em vão; as pessoas trabalham nas quartas-feiras. Só conseguia pensar em como ia aguentar sem minhas músicas. Afinal, era o que de mais valioso o trambolho guardava. Assim passei três longos dias sem ligar o computador, olhando a possível depressão com resignação, que é tudo o que te pode restar quando você suspeita que agiu como um idiota.

Em uma investida desesperada a um vizinho funcionário público consegui desviar da prefeitura de Esteio um cd com o dito Windows para salvar minhas tardes e noites ociosas. À noite o cd chegou aqui em casa e ficou por uns 40 minutos, tempo em que vi a janelinha mais famosa do Vale do Silício se abrir para mim. Etapa 1 cumprida passei a me dedicar a mexer nas duzentas gavetas atrás de Photoshop, Corel, Winamp e essas merdas todas que a gente usa. Alguma coisa encontrei em casa e outras precisei baixar. De tudo isso, claro, fica o aviso para não mexer em nada que pareça simples nas próximas tardes de folga.

O mais legal de tudo é que enquanto escrevo esta besteira toda escuto minha nova coleção de músicas. Com a vantagem de estar mais organizada e diversificada do que a anterior. Lamento por alguns sons do Innocent Criminals (banda do Ben Harper) e Tom Waits. Mas tenho o Samba Meu da Maria Rita, alguma coisa de Bob Dylan, Mc Solaar e até as bagaceirices do D'Jeito Novo. Meu carnaval agora está garantido. São 152 horas de muito som. Ou um pouco mais de 6 dias tocando direto, sem repetir umazinha.
Dancing with myself!

Como é mesmo o nome?

Como se chamam essas minas que se vazam pra cobrador de ônibus? Maria Bilheteira? Maria Catraca? Pensei em chamar de algumas coisas impublicáveis, mas deixa assim. Só que é muito chato sentar ao lado de uma dessas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

29°55’12” S, 51°10’48” W – A ilha de Lost do Futebol Gaúcho

Aclimatado ao verão e dando graças pela época dos vestidos de alcinhas, dedico algum tempo a compartilhar com vocês a impressão que eu tenho a respeito do futebol em Canoas. Aliás, futebol aqui na cidade é algo meio distante como, sei lá, Ushuaia. Depois de Ijuí e Novo Hamburgo me atrevo a apresentar Canoas, essa espécie de Chelsea com praia.

A ilha de Lost do futebol gaúcho dá a impressão de ter tudo o que precisa para ser mais respeitosa ou mesmo incentivadora do futebol: 330 mil habitantes, poucos acidentes de relevo e pelo menos uns cinco ou seis times que, se apoiados, poderiam fazer um jeito nessa peleia que é o gauchão, nem que fosse na série B. Só numa levada podemos citar: S. C. Oriente, E.C. Sul América, C.R Brasil, E.C. Rio Pardo, Collaziol Scottá, E.C. Paineira - que é um clone do Palmeiras, em logotipia, cores e a manha de não ganhar nada.



Futebol? Não temos. Mas temos um avião na praça.

Não suspeito, porém, que algo possa estar errado com a nossa água ou com o ar que respiramos. Só que, de qualquer maneira, é triste saber que a tua cidade não tem um mínimo movimento mais incisivo em direção ao futebol. E isso ao longo de 26 anos, o pouco que até agora vivi. O que não deixa de ser preocupante, porque pode ser ainda mais antigo o problema. Para ter uma idéia, em 2000, nosso único representante no Gauchão da série B era o catatônico Canoas F. C., que, assim como surgiu, desfaleceu em um MOONWALK ad eternum pelo limbo do futebol mais islâmico do Brasil.

Alguém há de perguntar ou não pelo que eu teria como Plano B: a Ulbra (chupa, RBS; o nome do time é S.C. U L B R A, querendo vocês ou não). Justifico dizendo que até a Ulbra ter uma torcida com cara de torcida – e não me refiro à multiplicidade de idéias ou correntes que desejam sobressair-se em relação a outras. Falo daquele troço apaixonado e doentio, uma identificação que nós temos aí por Grêmio, Inter, Xavante, Noia... Se não for isso, pode ser pela relação meio distante até fisicamente, entre os canoenses com seus times, como se o futebol fosse um troço intangível.

Pago um SACOLÉ de limão para quem conseguir chegar sem medo à sede do Canoas. E falo no sentido literal mesmo. Relativamente próxima do centro da cidade, a sede do Canoas fica em uma área que equivale a uma Vila Maria Degolada para os naturais da capital. Evitem!
Há duas décadas saímos de Ipanema, em Porto Alegre, para morar em Canoas. Estive no Mato Grande, bairro do estádio, duas vezes nesses 20 anos: uma quando atacava de interessado na Associação de Proteção aos Animais, muito mais pela loirinha voluntária que quebrava a vala com seus shortinhos, e em uma segunda oportunidade fui justamente para acompanhar um treino do Canoas.

Temos taças, só falta o que comemorar


Resultado da segunda? Fui assaltado (perdi, perdi!!) em plena luz do dia em um dos becos próximos do estádio enquanto ia acompanhar um treino e jurei não haver terceira expedição ao bairro, não sem antes entrar em contato com a Ouvidoria da Prefeitura e amaldiçoar até a quinta geração da família Lagranha, em três vias, o que não resolveu o meu problema, mas garantiu uma resposta divertida por parte do Executivo municipal, algo que dizia, resumida e educadamente que o azar era todo meu por ter sido lesado.

Curioso é que aqui também tem uma fonte de água mineral (perto da engarrafadora da temível e lendária caninha 7 Campos) e os dois estádios ficam mal localizados, diria até quase fora do município.

Se fizermos uma análise rápida e desprovida de conhecimentos geográficos e, por que não dizer cartográficos, vamos constatar que o complexo esportivo da universidade está mais para Esteio do que para Canoas. Afinal, a EXPOINTERLAND fica ali, atrás da Petrobrás, coisa de 2 quilômetros, mais ou menos. Pode ser que eu esteja analisando só com a predisposição para avacalhar tudo, mas me parece que nosso futebol está tão marginalizado quanto à posição de seus respectivos estádios.

Acredito que o acesso, ou melhor, a falta dele, afasta as pessoas que fazem um baita número em matéria de paixão pelo esporte: o proletariado (valeu Marx). Sinceramente, não é fácil chegar de ônibus dos dois endereços maiores do ludopédio canoense. Enquanto em Porto Alegre até ônibus errado passa pelo Olímpico ou pelo Beira-Rio, deste lado de cá do Rio Gravataí é preciso muito mais do que R$ 2,10 para chegar aos estádios.

Para o Mato Grande, por exemplo, a partida de ônibus se dá de hora em hora nos horários de maior movimento, podendo chegar a duas horas de intervalo, nos finais de semana e feriados. Para a Ulbra, pouco mais fácil, até por conta de ser uma universidade, mas dependendo do bairro em que se está, são necessários dois ônibus, umas duas horas de espera e mais de R$ 4 de contribuição para uma única empresa. Sim, temos esse lance do monopólio há muito tempo mesmo e não parece que vai mudar tão cedo.

Esse, meus amigos, é o cenário do futebol dito profissional na cidade que tem um avião em uma praça e uma linha de metrô que divide a cidade. Algo como Canoas Ocidental e Canoas Oriental. E, pô, o mais engraçado é que dá pra perceber como as coisas são diferentes de um lado e do outro da linha do metrô, mas isso é papo pra outra hora. Agora em 2009 só temos a Ulbra, para quem não torcerei nem querendo. A tentação é grande, consigo ver o estádio da janela do meu quarto até. Mas prefiro jogar Winning Eleven do que torcer para os luteranos que formam um clube nada simpático e recebem pela sua empáfia a escassez de torcida.

Agora em 2009, assumiu a boléia um prefeito companheiro para comandar a boléia da cidade. Está na hora de pegar uns manos de aba reta que ficam pagando de funkeiros no shopping e botar pra jogar bola no Capão do Corvo e nos outros dois parques esportivos, a saber, Centro Olímpico Municipal e Parque Eduardo Gomes, como antigamente rolava. Se não dá pra fazer frente com um time confirmado, pelo menos tira a gurizada das ruas.

Canoas: boa para a REFAP. O futebol que espere



A dupla Gre-Nal parece-nos suficiente para suprir a dose de paixão e loucura que precisamos ter pelo futebol, pelo menos para grande parte da nossa gente. A proximidade com Porto Alegre provoca isso. Afinal, Canoas por muitos anos foi considerada cidade dormitório e ainda a vejo assim, já que trabalhando e estudando em Porto Alegre, quando estou em Canoas ou estou dormindo ou estou tentando decifrar os segredos da condição humana. Daqui de Canoas, torço pela boa vontade e seriedade com o esporte em geral. E também pelo povo, que embalada pelo fenômeno de marketing Barack Obama acreditou que YES, WE CAN.

Foto 01 – Crédito: Skyscrapercity.com
Foto 02 – Crédito: João Paulo Flores / Corsan
Foto 03 – Crédito: Divulgação / Promonen engenharia

Dancing with myself

Ajusta os fones nos ouvidos, bota uma lista de mp3 para tocar enquanto vai abrindo o Word. Sim, o tosco escreve no M$ Word. Roots ao extremo. Lembra que no outro dia tem a posse do Obama e aquela coisa toda. Escreveria algo, mas como ultimamente a vida anda meio engraçada, deixa assim. Não vai se estressar de forma alguma. Pensa em como pode ouvir Cara Estranho, do LOSER MANOS (eu prefiro escrever assim mesmo) e não cortar os pulsos. Nauseado pela canção, clica no "Next" e agora toca Tim Maia, Vale Tudo. Sorri e acredita que a vida é como uma playlist qualquer: tem muita bosta, mas com um clique a festa está feita. Vale tudo. Só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher. Se bem que mulher com mulher... Rende a minha mono. Mas isso é opinião minha. Tudo bem eu sei que não presto mesmo.

O post mais tosco do ano

Apesar de andar meio entristecido com algumas coisas que aconteceram nos últimos dias, um lampejo de qualquer coisa parecida com uma idéia surge furtivamente. O tema é nobre: o que eu vou fazer da minha monografia? Sinceramente, não sei para qual lado seguir. Por isso mesmo acho foda gostar de tantas coisas diferentes mas não me apegar a uma ou outra. Sei lá, acho que gostaria de pesquisar algo relacionado à música. De tanto que eu reclamo de bandas e cantores, acredito que teria uma boa possibilidade de trabalhar o tema. Ultimamente também tenho prestado um pouco mais de atenção ao lance da fotografia e suas várias possibilidades de comunicação, se é que me faço compreendido. É muito bacana descobrir que em uma única foto há mil possibilidades para se passar uma idéia. Também sou muito ligado a games e tecnologia. Jogo videogame desde os sete anos de idade quase que diariamente. Aos 26 sinto que poderia extrair desse universo de bits algo mais que pudesse ser bem fundamentado. Ou a transformação do ponto de vista que se tem sobre os filmes de entretenimento adulto. Porra... Sou do tempo em que conseguir um filme pornô da eterna Cicciolina era mais difícil que importar haxixe do Marrocos. Lembro agora da Eliane, uma doida que conheceu biblicamente metade da minha turma da 5ª série por que os caras conseguiram um videocassete e uns filminhos muito fracos. Hoje suspeito que o fascínio dela era pelo aparelho que era considerado uma raridade em tempos mais remotos. Que saudade desse tempo.